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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

1 Ano de Independência


É… a exatamente um ano (19 de outubro de 2010) eu assinei a minha “carta de independência”, como já dizia a expressão popular, “juntei as trochas, piquei o pé na mula e cai no mundo...”.

Larguei família, amigos de infância, amigos de cursinho pré-vestibular, os botecos de Coluna e Belo Horizonte em dia de jogo do Glorioso das Alterosas – CLUBE ATLÉTICO MINEIRO -, o creme de açaí com banana e morango da Guajajaras, o Balaio de Gato da Guajajaras, o pão de queijo recheado com frango e catupiry da padaria na Augusto de Lima, os pratos feitos e inventados de última hora, as macarronadas do fim de semana, os PFs às vezes deixado em cima do fogão por tia Delza.

A presença da vó Maria Argentina (in memorian) para por os papos em dia, falar mal da rivalidade mineira futebolística; lembro-me que tínhamos combinado em encontrarmos em Julho desse ano, a minha parte eu fiz de voltar nem que foi por 10 dias, mas quis o Pai lá de cima levá-la antes. Hoje guardo comigo o teu sorriso que foi me deixado em plena maca de hospital,  com a certeza que por mais que não fui um neto presente, lhe dei motivo de orgulho por ser teu neto e com as palavras “Que Deus e Nossa Senhora lhe proteja, e se é isso que você quer, vai em busca do teu sonho.” Obrigado pelo apoio vó, e aqui estou na “labuta.” Foi “foda” o dia e a forma que descobri que a senhora nos deixou, mas como disse, foi a vontade do Pai lá de cima para lhe dar um descanso eterno.

Deixei para trás meu pequeno grande irmão, que hoje com 15 anos, tem uma altura maior que a minha. Queria eu poder estar junto contigo, fazendo as parcerias de toda juventude, te levando para “gandaia”. Mas tudo na hora certa, como já te falei, mas não canso de falar. Juízo nesse cabeção seu, e sempre estarei aqui para lhe guiar da melhor forma possível. Querendo ou não, você é meu motivo maior de sempre querer ter sucesso na vida para que possa ser um exemplo a ser seguido. E só estarei satisfeito quando ver o seu sucesso ofuscar o meu.

Minha mãe, como faz falta o “colo” de uma mãe. Como faz falta o “manhê, cadê isso; cadê aquilo?!” Graças a Graham Bell, no mínimo uma vez por semana eu ligo nem que seja para encher o “saco.” Por mais que os momentos possam ser difíceis, é dela que ouço alguma palavra para me encorajar a persistir no meu sonho.

Dona Hilma, minha vózinha querida que me aturou muito nessa vida já. Desde os tempos que fui criado por ela, até os dias em que supostamente vou dormir em sua casa, mas esqueço a chave e a acordo no meio da madrugada. Ô frango com quiabo, ô macarronada, ô bolo de chocolate/baunilha, ô bolachinhas que fazem falta. E os concertos em minhas calças, o jeito é esperar o momento que poderei fazer uma visita para consertá-las né?! =p

Ô Coluna que me faz falta. A certeza de andar dois quarteirões e cumprimentar no mínimo dez pessoas conhecidas. Como eu amo esse lugar. Se eu não for no mínimo uma vez no ano, eu tenho certeza que podem assinar meu testado de loucura. Uma dose de Coluna cai bem, e muito bem.

De todas as mudanças que a independência me trouxe, uma que apenas piorou foi a tão sonhada amizade paternal que insiste em andar em caminho contrário. Como eu queria poder receber uma ligação me parabenizando no mínimo em meu aniversário... Lembrar que fui obrigado à ir contra a vontade daquele que eu esperava estar me aplaudindo a cada passo a diante, e ao invés de ouvir um “eu te amo”, fui obrigado a ouvir, “aqui no Brasil eu pago tudo que você quiser, até uma faculdade particular inteira, mas você estando em outro país, nem em questão de saúde precisa procurar por mim; pode falar que você não tem pai.” Me resta guardar em mim o ressentimento, e pedir a Deus todos os dias para que um dia essa história possa ter um final feliz.

Dentro desse um ano de independência, já fiquei de porre; já trabalhei em vários tipos de empregos; já tomei decisões que me arrependi posteriormente, porém sem a possibilidade de voltar a atrás. Já passei noites dentro de carro; já penetrei em um hotel só para tomar banho e sair pelo fato de não ter um lugar onde ir. Já passei uma semana inteira comendo salada do McDonald’s; e ainda passo várias semanas na faculdade comendo hambúrgueres e saladas, saladas e hambúrgueres. Pois é, também virei universitário.

Obtive inimigos sem ao menos piscar os olhos, mas também aprendi muito sobre confiança e sinceridade. Passei a olhar com outros olhos sobre o verbo “julgar”. Já fiquei devendo sem querer, mas mesmo assim, no momento em que arrumei o dinheiro, eu paguei, mesmo sem poder. Percebi que injustiça faz parte do dia-a-dia da humanidade, querendo ou não. Aprendi que confiança é o “x” de toda questão, e no momento que você a perde, dificilmente a reconquistará. Tive várias paixões, mas nenhuma que valesse realmente a pena de me deixar envolver em algo mais forte.

Posso dizer que a independência até hoje tem me dado lados positivos e negativos. Dos positivos eu comemoro com o sucesso. Dos negativos, eu aprimoro a minha experiência.

1 ano de América, longe de casa há mais de 52 semanas, 7378.89 quilômetros de distância da família.

E assim a vidinha vai seguindo, pois “Nada Acontece por Acaso” e “Fé é tudo que precisamos.”

Harrison Aguiar